
O problema que era a solução Quando as quatro da manhã, Maria despertou os olhos como parte de suas asas, fez tudo direitinho. Certa de algo estranho, rezou suas rezas e alinhou o coração aos passos. Aprendeu andar firme e só abaixar a cabeça mesmo para escrever. Ela não escrevia apenas porque queria, mas era a condição de aveludar certos rumos, apaziguar algum caminho doloroso disfarçado de: "É assim que se aprende". Maria exatamente andou nos trilhos. Andou no meio fio. Riscou o alfasto e caminhou no vazio. Todo dia agora é um buraco. Antes fosse de cartas. E agora Maria? A luz você acendeu? E agora Maria? Dizem que a viram no primeiro trem. Deixo aqui o registro que o que passou ainda passa na gente. Que existe um tempo que não sabemos para ver outros lugares partindo dos mesmos caminhos que somos. Dos mesmos caminhos que temos. Susana Raposo ...