Hoje refleti muito sobre um caminho. Alguns poucos e sábios já o descobriram.
Despublicar-se.
Parece contraditório à minha vocação de escrita. Ai entro num conflito que só aprumo com poesia.
Meu avô materno deve ter passado por isso. Pois, pegou seu cavalo e foi procurar esse tal caminho. Quando voltou, tudo estava ali num claro abraço.
Tanto conhecimento e tanto saber extraviado.
A uns dias minha mãe, contou-me que ele escrevia com uma pena de galinha. Não existia caneta e era ele quem fazia as próprias tintas, umas de cores tão bonitas...
Ah, como eu queria ter uma destas cores aqui agora. Podia ser a que o senhor menos usava, aquela que não combinava com o papel ou coisa assim.
Quando eu puder vou providenciar um tinteiro de cristal, soube que o senhor chegou a ter um e que guardava com zelo.
Estou me cansando das telas luminosas e das teclas... Estou me cansando de publicar-me. Sabe vô, o mundo digital é muito frio. As pessoas não tem vínculos e vivem uma pós verdade, que nada mais é que uma mentira.
Quando vejo alguma foto sua, percebo que o senhor sabia viver sua tristeza. E tenho sentido que isso tudo aqui está ficando sério. Quanto menos souberem da gente melhor...
Quanto menos esperar das pessoas melhor...
Mas, é bom ter duas ou três piadas decoradas. Vai quebrar o gelo de uma conversa complicada, já que estamos num país perfeito para isso.
E também não sei se vale este conselho, já que sou tão imperfeita, não saberia rir de nada, pois as piadas viraram verdades.
O tempo só vai, não é mesmo?
Hoje quis passear no seu cavalo, escrever com sua pena. Admirar seu tinteiro sobre a estante de livros.
Acho que as coisas puras e simples da alma precisam ter o seu lugar.
E é por isso, que é tão difícil este caminho.
O mundo corre muito.
Susana Raposo
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