Meu caderno meu coração

Guardo aqui numa caixinha
como se fosse relicário
meu coração por escrito
mas há algo errado 
como palavras que surgem
fora do dicionário

Voos sem os pares...
sem saber onde estão os prados
Se todos estão tão gigantes
e amontoados!?

Sei que num quartinho
chega de bom grado
Ou alguém que sem querer, 
"Ah...vai, apareceu deixa eu ler..."
Nisso o caderno é mais democrático
Comporta o vazio de não ter que ser, sendo

E quando ele tão por fora se vê questionado:
- Qual o tamanho do teu ouro?
O que ele sabe é que, às vezes, nem duas moedas...

E vai lento
Se lendo
no silêncio
por fora e por dentro

Outra vez questionado
Qual o tamanho do teu ouro?
Ele se vê em si redobrado

Porque não é o que trazes
E o que tem guardado.

Susana Raposo

Imagem: Canva.


Comentários

  1. .Poema lindíssimo de ler. Deixo o meu elogio
    .
    Abraço poético
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  2. Fico impressionado como você escreve bem, toca na alma, as palavras se encaixam, se transformando em versos e quando os versos estão finalizados surge o poema um dom que você recebeu e faz bom uso dele, parabéns, te admiro

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