Junho & Julho

Junho e Julho me dão a sensação de um só. Saber que tenho portas para fechar, mas para isso preciso abri-las dentro de mim. 

Nada acaba e eu vou pelo menos acabar com a ideia que coleciono pedras.

Vejo muitas flores no meu chão e tantas asas de borboletas que ainda colorem, mesmo depois de partirem.

Guardei algumas. As primeiras tentativas não deram tão certo. Ao contrário das pedras, pétalas e asas são finas e delicadas.

Eu sei que muito do que é bonito hoje em mim foi porque nesse pêndulo da vida, que tanto agrediu e por pouco não me deu a forma dura; Me fez aprender a recuar para poder prosseguir todas às vezes que me vi perdendo da minha própria metamorfose. 

Eu tenho bem menos respostas, mas uma visão mais ampla.

O pouso perfeito é o frescor que me humaniza. 

Escrever com as mãos nas folhas de um coração alvo, mas que não é preso a nada nem mesmo a si.


Susana Raposo





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