Meias Laranjas

Aceitar a vida não tem legendas.

Se não disser o que vi pode ser que pensem em metades. Ou cores ou no que der vontade. 

Não há a necessidade de clarear a clareza.

Mesmo na incerteza do que se vê. Do que se é. Do que se acha, soma e diz...

Somamos momentos. 

Hoje podemos até estar onde não se está. Dizer sobre sem estar lá. Ou mesmo participar.

Onde estará agora o ser luminoso que rezava aos risos com finas asas a deliciar-se da certeza que estava perto de quem o queria observar?

Sim. Era um homem, do rosto, só o contorno do perfil, ... A meia cor laranja...  As asas eram cor laranja. E gosto muito de gominhos cítricos de laranjas...

   Gosto de descascar laranjas... Gosto do Céu visitado por Cronos vestido de laranja...

Mas, eu?! Eu não quero jamais ser  laranja. A coisa mais legal da vida é uma consciência de si bem limpinha. Nos varais da memória, sem chamas para sumir arquivos ou objetos encontrados nas desesperanças dos livros...

    Gosto só de me preocupar com um poema de ajudar...

Sair de mim sempre que puder para visitar o outro, num diálogo simples. Honesto. Respeitoso.

Não é fácil conversar sem querer ensinar nada. Dizer, sem querer se autovaler do que acha mais importante e que o outro precisa saber...

A vaidade é um cachorro louco pronto para nos morder... Correr atrás do próprio rabo achando ser tão o melhor adorado...

      Vixe!!! Que estou a escrever?

 Eram só meias palavras sobre  meias laranjas e meu desejo de dizer meio sem dizer o que não sei dizer... De um Amor Cor de Flor. 

Eu me pedi perdão. 

Outro dia quis tudo morrer. E caiu um penhasco de chuva quando estava chegando na Estação de Metrô, não na linha do homem das meias... Mas, no fim da linha da tarde de uma adorável visita... Naquele poste dois fios faiscaram...

Passando debaixo dos nobres tons de chamas laranjas. Lembrei do pedido do dia anterior... O de morrer. 

E sem precisar de mais nada ali sob o fogo dos postes e dentro de um veículo norte. Disse claro para mim:

"Não pede mais pra morrer não. Deus mata sem dó!"

Contei para minha mãe. E minha mãe me abraçou.

Susana Raposo

Imagem da minha Flor de Gerâneo




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